
Berço despido
de alma gentil,
carinho que cega
o colo de querer.
- Vem amor!Satisfaz o teu poder
com sentir de fogo
que arde no perecer
do ego destruído;
na carcaça do tentar ser
que saúda a alvorada deste amanhecer!
"-Esquisito que parece ser!"
- Mas é teu por direito,
conquistado com sofrer;
parto estreito e querido
de novos sentimentos há muito perdidos!
Bébé que chora, mudo sem saber,
mímica perfeita do teu ser
que, finalmente, grita:
"- Abram alas, acabei de nascer!"
Rei e senhor da fragilidade
conquistada a cada momento.
Exercício exímio de presente,
sem esforço. Amor lento
redentor e em flor,
como amendoeira carinhosa,
ao vento perece tão saborosa,
por ser ela apenas
aqui na imensidão do agora!

